O Calibre 7,65 Browning (.32 Auto)
O calibre 7,65mm Browning (7,65x17mm), também conhecido nos EUA e no Brasil como .32 ACP (Automatic Colt Pistol), .32 Auto ou .32 ACP (Automatic Colt Pistol) é uma munição projetada para ser utilizada em pistolas semiautomáticas.

Este calibre foi criado no ano de 1899, pelo projetista John Moses Browning que trabalhava na empresa Belga FN (Fabrique Nationale de Herstal). Essa munição teve como objetivo ser utilizada na primeira pistola de sucesso de Browning, a Pistola FN M1900.

Após a criação deste calibre e sua utilização na pistola de Browning, a referida munição ganhou fama na época em que as pistolas semiautomáticas haviam surgido e ainda não existiam muitos calibres especificamente produzidos para essas armas.
Em decorrência da intensa popularidade e eficácia do calibre 7,65x17mm, na pistola FN M1900, esta munição também começou a ser produzida nos EUA com a denominação de .32 ACP e foi, primeiramente, adotada nas Pistolas Colt Pochet Model 1903 da empresa COLT.

Tamanha foi a popularização deste calibre no uso destas armas que diversos países do mundo começaram a adotá-lo, inclusive algumas forças armadas e policiais. Devido ao pequeno calibre, era normalmente utilizado por oficiais e agentes infiltrados, sendo considerada uma munição compacta, a qual permitia a adoção de armas de pequenas dimensões e possibilitava aos agentes da lei passarem despercebidos ao estarem desempenhando atividades de infiltração no meio civil.
Este calibre é muito apreciado por atiradores, tendo em vista que proporciona um recuo pequeno quando comparado a outros calibres e possibilita um bom controle do recuo da arma em cadências rápidas de disparo. Também se destaca como característica deste calibre por serem armas compactas com desenhos pequenos e de baixo custo.

Atualmente não é considerado um bom calibre para a defesa frente às demais opções que estão presentes no mercado brasileiro e mundial. É considerado em âmbito mundial como um calibre mais adequado para uma “arma de bolso” (gun pocket) ou uma “arma de reserva” (back-up gun).
As armas projetadas para este calibre, quase em sua totalidade, trabalham com o sistema por ação blowback (massa inercial), com retardo de abertura de ferrolho pelo próprio peso. Por isto, é importante salientar os cuidados quanto à recarga desta munição, pois caso haja excesso de pressão, o ferrolho será acionado muito bruscamente, o que ocasionará danos na arma, resultando em prematuras fissuras ou trincas. Outra característica interessante quanto a esta munição, é o fato de ela ser semi rimmed (semi aro), o que possibilita tanto a aplicação de roll crimp ou do taper grimp na recarga da munição.

No Brasil, o calibre 7,65x17mm é considerado o precursor da comercialização de pistolas semiautomáticas para defesa. Tal fato se efetivou, desde 04.04.1982, quando a fabricante de armas TAURUS lançou a Pistola PT 57 com o número inicial de série J00101, no calibre 7,65x17mm. Até então, apenas eram produzidas pistolas semiautomáticas no calibre .22 Short e 6,35mm Browning.
É importante frisar que, no ano de 1980, a empresa Italiana Beretta fechou as portas no Brasil, após findar seu contrato de fornecimento de 40 mil pistolas para as Forças Armadas Brasileiras. Após este episódio, vendeu todas as suas operações no Brasil para a Taurus, nas quais estavam inclusos desenhos, ferramentas, maquinário e mão de obra já especializada. A Taurus, de posse deste material, e utilizando-se dos projetos da PT-92 e da PT-99, resolveu lançar uma pistola no calibre 7,65x17mm, visto que no mercado não havia algo similar, por isso, surgiu o projeto da PT-57.
Vale ressaltar ainda que, no ano de 1982, a legislação brasileira ainda não autorizava a comercialização de armas no calibre .380 ACP, pois isto só passou a ser permitido no ano de 1987 (Portaria nº 1.237 de 01 de Dezembro de 1987).
Atualmente, as pistolas Taurus no calibre 7,65x17mm já estão fora de linha de produção, no entanto, sua munição ainda é comercializada para atender ao público que detém a posse dessas armas.
As munições fabricadas para este calibre não possuem a opção de carga “+P”, pois a própria SAAMI (Sporting Arms and Manufacturers’ Institute) não considera como segura a utilização deste tipo de carga, neste calibre.

Bibliografia:
https://armasonline.org/armas-on-line/novo-a-pistola-taurus-pt-57/ (acesso 01.05.19).
SAAMI Technical Committee Manual Volume XI Wallingford, Coonecticut USA.
LYMAN. Reloading Handbook, 50th Edition, 2016.
FRANCK C. BARNES. Cartridges of the World, 15th Edition, 2016.
TOCCHETTO, D. e WEINGAERTNER, J. A. Armas Taurus uma Garantia de Segurança, 6 Edição, 2017.
MATHIAS, J.J.D’ANDREA e PIMENTEL, R.B. Manual Prático de Recarga de Munições, 2015.
Fonte/Créditos: Armas on-line
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