Você sabe o que é Scuderie Detetive Le Cocq?

Scuderie Detetive Le Cocq ou Esquadrão Le Cocq, foi uma organização extra-oficial criada por policiais no Rio de Janeiro em 1965 e que atuou principalmente nas décadas de 1960, 1970 e 1980. Essa organização chegou a ser considerada um Esquadrão da Morte.
Ela foi criada para vingar a morte em serviço de Milton Le Cocq, famoso detetive de polícia do estado do Rio de Janeiro, (antigo Distrito Federal), integrante da guarda pessoal de Getúlio Vargas e primo do Brigadeiro Eduardo Gomes. Ele foi morto por Manoel Moreira, conhecido como Cara de Cavalo, marginal que atuava na Favela do Esqueleto, na década de 1960 vendendo proteção aos banqueiros do jogo do bicho para que não se roubasse seus pontos de jogo.

O bandido "Cara de Cavalo"

Detetive Le Cocq
A morte mobilizou diversos policiais que se apresentaram voluntariamente para participar das diligências. Cara de Cavalo foi encontrado e morto poucos dias depois, com mais de 50 tiros. Entre os executores se encontravam Luís Mariano e Guilherme Godinho Ferreira, o Sivuca, que mais tarde se elegeria deputado estadual pelo Rio de Janeiro, com o bordão "bandido bom é bandido morto".
Em 1965 foi fundada oficialmente a Scuderie Detetive Le Cocq, tinha como presidente de fato o policial Euclides Nascimento e como presidente de honra o jornalista David Nasser. A Le Cocq transformou-se em associação e chegou a reunir sete mil associados e admiradores. Seu objetivo era a repressão ao crime.
As iniciais "E.M." no brasão da Scuderie Le Cocq significam "Esquadrão Motorizado", divisão da Polícia Especial à qual pertencia o detetive Milton Le Cocq na época em que ele era integrante da policia especial, e não Esquadrão da Morte. O emblema da Scuderie Le Cocq era uma caveira em cima de ossos cruzados. Com a extinção da Polícia Especial, Le Cocq, além de seus colegas Sivuca e Euclides passaram para a Polícia Civil.
A associação era liderada pelos chamados "Doze Homens de Ouro" (um para cada casa do zodíaco), eram doze famosos policiais escolhidos pelo Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Luis França, para "limpar" a cidade. Segundo o delegado Sivuca, "o grupo foi criado para dar satisfação à sociedade". Os doze homens de ouro eram agentes que mataram proeminentes bandidos da época, a começar pelo "Cara de Cavalo", depois "Mineirinho" e muitos outros bandidos famosos da década de 60, que foram mortos em suas próprias comunidades. Zé Pretinho, por exemplo, foi morto na porta de seu barraco, no Morro dos Macacos, em Vila Isabel. Bidá morreu no Morro do Querosene, no Catumbi, e Passo Errado, no Morro do Tuiuti, em São Cristóvão.
Sivuca foi presidente da Scuderie Le Cocq, era ex-delegado de polícia, eleito deputado estadual pelo PSC. O ex-delegado explica que os integrantes da Scuderie prendiam criminosos, mas a orientação era agir dentro da lei. "Mas tínhamos uma regra. Se o criminoso reagisse à prisão, era morto, sem dúvida." E revelou que a fama de matadores surgiu porque muitos associados cometiam excessos. Um deles foi o policial Mariel Maryscotte de Matos, que, por descumprir regras, acabou expulso do grupo na década de 1970 e foi assassinado em 1981. "Tinha muito Le Cocquiano que matava e, depois, ligava para a imprensa".
Milton Le Cocq de Oliveira, por suas ações e ensinamentos, ficou na memória da polícia carioca como paradigma.
Milton Le Cocq de Oliveira, por suas ações e ensinamentos, ficou na memória da polícia carioca como paradigma.

Detetive Milton Le Cocq de Oliveira
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