Munição Rastreada - Você sabia?

Por meio de um sistema de identificação exclusivo e pioneiro no mundo, as munições CBC podem ser rastreadas, o que proporciona às instituições maior confiabilidade e segurança no controle da utilização e de seus acervos de munição.
Um caso bem conhecido, talvez o mais conhecido seja da morte da vereadora Marielle Franco, do PSOL do RJ. Veja abaixo a matéria.
Munição rastreada no caso da vereadora Marielle Franco (PSOL).
" Munição que matou Marielle é do mesmo lote usado em chacina na Grande SP em 2015"
Munições 9 mm mataram 17 pessoas em Osasco e Barueri. Polícia não conseguiu rastrear se elas foram desviadas ou roubadas de algum batalhão.
As munições calibre 9 mm que mataram a vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes são do mesmo lote de parte das balas utilizadas na maior chacina do estado de São Paulo. Os assassinatos de 17 pessoas ocorreram em Barueri e Osasco, na Grande São Paulo, em 13 de agosto de 2015. Três policiais militares e um guarda-civil foram condenados pelas mortes.
O lote em questão é o UZZ-18, como revelou com exclusividade o RJTV 1ª edição nesta sexta-feira (16). Segundo a Polícia Civil do Rio, esse lote foi vendido à PF de Brasília pela empresa Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) no dia 29 de dezembro de 2006, com as notas fiscais número 220-821 e 220-822.
Ao todo, o lote continha 1.859.000 cápsulas, que foram distribuídas para todas as unidades da PF, segundo informou o Jornal Nacional. Também houve balas desse lote usadas em crimes envolvendo facções rivais de traficantes que resultaram na morte de cinco pessoas em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, entre 2015 e 2017.
Em ofício de 2015 do processo da chacina de Osasco e Barueri, a CBC indica para a Polícia Militar de São Paulo para onde foram vendidas as balas dos cinco lotes de munição usados na chacina. Parte dessa munição encontrada na cena da chacina de Osasco é do mesmo lote da usada no assassinato de Marielle (veja mais detalhes abaixo).
Ao Jornal Nacional, o ministro da Segurança Pública à época, Raul Jungmann, disse que esse lote comprado pela PF teve desvios, sendo um deles em 2007 na própria instituição, por um escrivão da PF, que foi processado, preso e demitido.

Munição do caso Marielle é a mesma de chacina em São Paulo
PF abriu inquérito
A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar a origem das munições e as circunstâncias envolvendo as cápsulas encontradas no local onde Marielle foi morta. A PF quer saber como as munições saíram de Brasília e chegaram ao Rio. Além disso, a investigação deverá rastrear por onde passou a munição desde a chegada do lote em Brasília, em 2006, até a última quarta-feira.
A Polícia Civil do Rio já descobriu que a munição é original -- ou seja, não foi recarregada. Isso porque a espoleta, que provoca o disparo da bala, é original. Os agentes chegaram a essas conclusões após a perícia. Agora, as polícias Civil e Federal vão iniciar um trabalho conjunto de rastreamento.
Por meio de nota, a CBC afirmou que "informações sobre controle e rastreamento de munições no país só podem ser fornecidas pelo Exército Brasileiro ou órgão policial interessado, através de ofício". "Qualquer demanda a respeito deverá ser encaminhada a estes órgãos", diz a nota.

Ofício da empresa CBC de 2015 mostra que parte da munição encontrada na cena da chacina de Osasco é do mesmo lote da usada no assassinato de Marielle — Foto: Reprodução
Chacina
Munições desse lote também foram usadas na chacina de Osasco e Barueri, conforme mostra o documento acima. Durante a investigação do crime, a Polícia Técnico-Científica de São Paulo descobriu que todas as balas usadas pelos assassinos eram calibre 9 mm de cinco lotes diferentes da CBC: BIZ-91, AAY-68, BAY-18, BNT-84 e UZZ-18.
O BIZ-91 foi adquirido pelo Exército; os AAY68 e BAY18, pela Polícia Militar de São Paulo; e os BNT84 e UZZ18, pela PF.
A polícia de São Paulo não conseguiu rastrear se essas balas foram desviadas ou roubadas de algum batalhão.
Todos os acusados foram considerados culpados pelos crimes, em dois julgamentos. No primeiro júri, realizado em setembro de 2017, foram condenados o PM da Rota Fabrício Eleutério (255 anos, 7 meses e 10 dias de prisão); o policial militar Thiago Henklain (247 anos, 7 meses e 10 dias); e o guarda-civil Sérgio Manhanhã (100 anos e 10 meses).
No segundo julgamento, o PM Victor Cristilder Silva dos Santos foi condenado a 119 anos, 4 meses e 4 dias de prisão. Segundo a acusação, eles cometeram os assassinatos para vingar as mortes de um PM e de um GCM dias antes da chacina.

Infográfico mostra como ocorreu o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, segundo as investigações — Foto: Alexadre Mauro, Betta Jaworski, Igor Estrella, Juliane Monteiro e Karina Almeida/G1
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