Militaria e Cutelaria reunidas em um só lugar.

MENU

Notícias / História

CHICO PÉ DE PATO, O MAIOR JUSTICEIRO PAULISTANO

Considerado por muitos como o maior justiceiro paulistano, a história de Chico Pé de Pato ainda guarda muitos mistérios não revelados.

Publicidade
CHICO PÉ DE PATO, O MAIOR JUSTICEIRO PAULISTANO
A-
A+
Use este espaço apenas para a comunicação de erros nesta postagem
Máximo 600 caracteres.
enviando

CHICO PÉ DE PATO, O MAIOR JUSTICEIRO PAULISTANO

 

 

COMERCIANTE BAIANO FOI ACUSADO DE EXECUTAR QUASE 100 BANDIDOS NOS ANOS 80 NA ZONA LESTE DE SÃO PAULO

A história de Francisco Vital da Silva, o Chico Pé de Pato, sem dúvida alguma, renderia um ótimo filme policial ou de suspense. Acusado pela morte de 50 a 100 pessoas na Zona Leste de São Paulo durante dos anos 80, a história de Chico Pé de Pato envolve de policiais militares a políticos conhecidos nacionalmente, como o ex-presidente Michel Temer. Considerado por muitos como o maior justiceiro paulistano, a história de Chico Pé de Pato ainda guarda muitos mistérios não revelados.

Nascido na Bahia, em Campo Alegre de Lourdes, no ano de 1942, Vital seguiu o mesmo caminho que milhares de nordestinos na década de 70; deixou sua terra natal e rumou em busca de mais oportunidades na cidade de São Paulo. Com alguns conhecidos morando na região do Itaim Paulista, o baiano logo se instalou numa área muito pobre do bairro do Jardim Camargo Novo, onde começou a realizar pequenos trabalhos como pedreiro, até conseguir juntar um pouco de dinheiro e abrir um bar em uma das áreas mais perigosas da região.

Até aquele momento, Francisco Vital ainda era apenas um homem pacato, pouco habituado às disputas ou brigas. Seu bar era alvo frequente de assaltos, caloteiros aproveitavam para consumir sem pagar e traficantes escondiam substâncias no local. Pacato, Vital revelou toda ordem de agressões e ultrajes até o momento que, na primeira metade dos anos 80 teve que fazer uma viagem para a Bahia e deixou seu bar aos cuidados da família.

Em 1984, após mais um dos assaltos, Vital resolveu fazer um boletim de ocorrência, o que irritou os bandidos locais que aproveitando-se da sua ausência, um grupo de cinco homens invadiu e roubou e local, além de violentar a esposa e a filha de 16 anos de comerciante. A guerra estava prestes a ser declarada.

Muito abalado pela situação, o baiano ainda tentou se recuperar em sua terra natal, para onde viajou com a família para passar alguns meses, mas logo voltou com seu filho Flávio, então com 19 anos, e encontrou seu bar e a casa crivados de balas. Nesse momento já não existia nem sombra do homem pacato que fora Francisco Vital, agora ele era apenas Chico Pé de Pato, tendo definitivamente incorporado o apelido que recebera na comunidade em razão da sua forma de caminhar devido aos pés tortos, um pouco virados para fora.

AS PRIMEIRAS NOTÍCIAS SOBRE CHICO PÉ DE PATO

 
Chico Pé de Pato com familiares e amigos
 
Em 14 de agosto de 1985 o jornal Notícias Populares trazia em suas páginas a notícia dos primeiros crimes da dupla Chico Pé de Pato e seu filho Flávio. Dois irmãos tinham sido assassinados na zona leste de São Paulo e os crimes eram atribuídos ao antigo proprietário de um bar que escapara em seu Opala.

Logo Chico se tornaria a sensação de São Paulo com páginas e mais páginas dedicadas aos seus crimes no Notícias Populares. O jornal transformou o justiceiro em um personagem que lutava pela redenção da paz e da tranquilidade da sua região, um homem que, segundo o próprio, estava “fazendo o trabalho que a polícia não faz”.

Com as frequentes reportagens, o homem sentiu-se à vontade para posar com os revolveres novos que tinham comprado (ou roubado dos bandidos que assassinara), ou junto ao seu Opala, sem a mínima preocupação em esconder a placa do veículo. Alçado à condição de um herói às avessas, a população aguardava semanalmente os relatos dos novos crimes do “justiceiro da ZL”.
 
 
 
Chico Pé de Pato armado com 2 revólveres em frente ao seu opala

Dos jornais para a rádio, logo os relatos fantásticos sobre a aparição do homem do Opala que invadia pontos de tráfico ou o local onde estupradores estavam escondidos começaram a ganhar fôlego através da voz do jornalista e futuro deputado Afanásio Jazadji, que não apenas tornou-se a voz do justiceiro, como seu amigo.

A PRISÃO DO JUSTICEIRO

 
Chico se entrega no Deic
 
Chico Pé de Pato tinha um método muito peculiar de agir. Invadia os pontos onde criminosos perigosos estavam, atirava a sangue frio e saía rapidamente. Era como se soubesse exatamente em quem atirar e quais caminhos deveria seguir para fugir em segurança. Isso levantou a hipótese de que policiais, incluindo membros da alta cúpula da polícia militar paulista da época, estivessem repassando informações ao justiceiro. O secretário de segurança pública de São Paulo àquele momento era o advogado Michel Temer, futuro deputado e presidente do Brasil.

O comerciante, agora tomado pela gana e vontade de matar, agia sem medo. Outros comerciantes pagavam pelos seus serviços. Os roubos e crimes violentos em toda a Zona Leste paulistana tinham diminuído drasticamente. A esta altura já eram entre 50 a 100 mortes atribuídas à dupla Chico e Flávio. O filho, por sinal, mais discreto, tentava levar uma vida normal durante o dia, mantendo aberto o bar do pai.

Com a fama de Chico, começaram a aparecer também aqueles que queriam gerar um pouco de fama em cima dele. Um deles seria o estopim para o fim da ascensão do baiano. Certa vez, enquanto tomava uma cerveja em um bar, um policial à paisana o agrediu. Sem pensar duas vezes, Chico descarregou sua arma do homem, descobrindo depois tratar-se do policial Moacir Ferreira de Mello. Com isso a polícia já não podia fingir dar suporte, ainda que velado, ao homem.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, sob o comando de Michel Temer, destacou o delegado Conte Lopes, outro que se tornaria um político famoso, para caçar e prender Pé de Pato. Com o cerco fechando e com a polícia fazendo ataques aos negócios e à família de Chico – Flávio, o filho, foi preso em uma primeira investida, assim como muito dinheiro do justiceiro “desapareceu” após as ações policiais -, coube ao amigo Afanásio Jazadji negociar a rendição de Chico.

No momento de sua detenção, mais de 500 pessoas o esperavam na frente da delegacia em ação de apoio aos seus atos. Em seus julgamento, algo em torno de 2 mil pessoas lotaram as galerias do fórum. Chico foi condenado à seis anos de detenção, pena pequena para quem pode ter assassinado por volta de 100 pessoas. Encaminhado para um presídio, carregando consigo a fama de matador de bandidos, não demorou para ser atacado e assassinado com mais 99 golpes de faca ou estilete.
 
 
 
Multidão em apoio a Chico Pé de Pato no momento de sua prisão e em seu julgamento
 
 
 
Pessoas em frente à delegacia que Chico se encontrava detido



.

Créditos (Imagem de capa): José Maria da Silva - Folhapress

Comentários:

/Dê sua opinião

Se o Governo mandar recolher todas as armas legalmente compradas, o que você faria?

Publicidade
Publicidade

Crie sua conta e confira as vantagens do Portal

Você pode ler matérias exclusivas, anunciar classificados e muito mais!