Nada supera um tiro certeiro.
Por L. Ramalho - Leitor e colaborador
Uma dúvida ou curiosidade constante entre os apaixonados, leigos e curiosos sobre armas de fogo é: qual a mehor arma e/ou calibre para defesa pessoal? Creio que a melhor resposta para isso é dizer que, 1º uma arma que funcione corretamente, que funcione bem. 2º qualquer calibre que você acerte em um local e que incapacite o agressor.
Independente de ser pistola ou revólver, ambas podem falhar por diversos motivos. Exemplificando melhor, no caso de uma pistola podem ocorrer falhas de alimentação, seja por uma munição velha na câmara que não terá força suficiente para fazer a arma concluir o seu ciclo de ejeção e alimentação, sujeira acumulada, falta de manutenção, peça (s) danificada (s), problemas no carregador, etc. Essas são as panes mais comuns em pistolas.
No caso dos revólveres, as panes mais comuns são defeito no retém do tambor que faz com que ele gire sem precisão e desta forma, o pino percutor poderá não acertar a espoleta do cartucho, problema no percutor, um fato que acontece com frequência em armas de calibre calibre 22 LR (em revólveres e/ou pistolas). Isso por que pessoas leigas ou desavisadas que ficam disparando a arma sem munição na câmara não sabem que armas desse calibre, ao dispararem "em seco" fazem com que o percutor acerte na lateral da câmara (no próprio aço) e não no centro (como das armas que usam munições de fogo central), fazendo assim que, com o tempo, o pino percutor se desgaste e não conseguirá percutir a espoleta do cartucho. Vale dizer que esse tipo de problema ocorre em qualquer arma de calibre 22 LR (ou qualquer cartucho de fogo circular), seja revólveres, pistolas, rifles ou carabinas.
É comum muitas pessoas dizerem, "eu prefiro um revólver por que se uma munição falhar é só apertar o dedo que vem outra". Entretanto, isso é verdade na grande maioria dos casos, mas não é uma regra absoluta. Uma munição velha ou estragada (excesso de óleo na câmara de qualquer arma poderá inutilizar uma munição) fazem com que mesmo um revólver não tenha um bom funcionamento. Pode ocorrer da munição ficar presa dentro cano e que teoricamente a outra munição deflagrada iria expulsá-la de seu interior, mesmo danificando o cano da arma, o que no caso de estar se defendendo isso seria somente um detalhe, mas... não é só isso.
Em certa ocasião presenciei uma pane em um revólver que confesso que jamais imaginei que poderia ocorrer. Estava com uns amigos numa fazenda quando um deles disse que queria testar umas munições velhas. Pois bem, realmente estavam velhas pois muitas não disparam, outras os projéteis caiam visivelmente a poucos metros e foi com uma dessas que ocorreu a pane no revólver. Simplesmente uma da munições deflagradas ficou presa entre o tambor do revólver e o cano (para quem sabe, no GAP) e sabe o que ocorreu? o revólver não funcionava mais nada. O tambor não girava quando o atirador apertava o gatilho, o cão não armava e o tambor não saia fora da armação. Sabe como foi resolvida a situação? Tiveram de arrumar um pedaço de ferro ou madeira para ser colocada pela "boca do cano" e então usar um martelo para fazer com que o projétil voltasse para dentro do tambor do revólver e dessa forma, o tambor pudesse ser liberado para fora da armação e então serem extraídas as cápsulas e munições não deflagradas.
A sujeira e o ferrugem, ocorre em qualquer arma de fogo. Elas também podem fazer com que uma arma tenha uma pane ou mal funcionamento, mesmo sendo mais difícil em um revólver do que numa pistola.
A outra questão sobre qual seria o melhor calibre. Isso é bastante relativo. Meu avô me contou certa vêz de um fato ocorrido quando ele esteve em um garimpo, no estado do Pará, lá pelos anos 70. Me disse:
"Eu trabalhava pesado todos os dias e quando não aguentava muito, gostava de tomar uns gorós e relaxar um pouco nuns barracos de "coneveniência" que tinha por lá. Álcool e mulher era proibido no garimpo; mas proibido somente para quem não era o dono do garimpo ou fosse seu "chegado.
Me lembro que certa vêz um dos comerciantes de ouro que tinha por lá, um tal de Tonho Rico, estava acompanhado por uma "mulher" num daqueles barracos, todo animado e se divertindo. Ela fazia seu ganha pão oferencendo amor a qualquer um que lhe desse algumas gramas de ouro. Ocorre que a regra lá no garimpo é a mesma que qualquer outro cabaré, mulher acompanhada não se mexe... Numa determinada hora, quando Tonho do Ouro retornava do banheiro que ficava do lado de fora do barraco, viu quando um garimpeiro conhecido por Mané Quixaba agrediu com um tapa a pobre da meretriz. Tonho do Ouro se sentindo enciumado ou desmoralizado, afinal ela estava com ele, tomou as dores da mulher e partiu para cima daquele sujeito de braços fortes, meio avantajado e terminou por levar um sôco do grandalhão. Não deu outra, Tonho do Ouro tirou uma Beretinha do bolso e deu 6 tiros na barriga de Mané Quixaba, que saiu andando baleado do local e após uns poucos minutos retornou, entrando no barraco com a camisa manchada de sangue e com sua ferramenta de trabalho, uma pá. Mané bateu em Tonho de Ouro com a pá até matá-lo."
Então fica as seguintes questões: Caso "Tonho do Ouro" tivesse atirado 6 vezes da barriga de "Mané Quixaba" com um calibre 38 SPL ele teria saido e retornado do local e ainda assim teria força para usar a pá e matá-lo? Muito provavelmente não. Da mesma maneira, se com aquela Berettinha calibre 22 LR ou 6,35 mm "Tonho do Ouro" tivesse acertado a cabeça ou o coração do agressor, ele teria saido andando? também é provável que não.
Entretanto, calibres pequenos como esses dois útimos se não forem tiros realmente bem colocados e que incapacite de imediato um agressor, podem permitir por um curto espaço de tempo alguma reação por parte da vítima. No caso relatado logo acima, tivesse "Mané Quixaba" com uma faca à mão no momento dos disparos, feito picadinho do comprador de ouro sem precisar ter saido do local; ele morreria com a arma na mão, sem tempo nem para remuniciar a arma.
Alguns dizem que não usaria para defesa pessoal um calibre menor que um 357 Magnum ou 9mm P. Concordo no que diz respeito ao poder desses dois calibres de incapacitar um oponente de forma rápida. Porém, quando usamos uma arma para o porte velado temos de levar em consideração o tamanho da mesma para que a mesma fique bem oculta e de forma confortável. Uma arma que fica incomodando o usuário é constantemente ajeitada e isso na maioria das vezes denuncia que você está armado (um hábito de muitas pessoas que usam uma arma na cintura tem, por exemplo, é ficar puxando a camisa para baixo). Então, usando esse raciocínio, ter uma arma pequena tipo um revólver 5 tiros com cano de 2 polegadas no calibre 357 magnum ou uma pistola microcompacta no 9mm P, requer muito mais prática para que se consigar bons agrupamentos dos tiros. Quem já atirou com revólver de cano curto no calibre 357 Magnum sabe muito bem o quanto é custoso e incômodo. "O bicho é bruto".
Já uma pistola microcompacta certamente terá um recuo menor, mas também necessita treinamento. Não só pelos agrupamentos de tiro mas também se familiarizar caso ocorra panes.
Desta forma, voltando para para a pergunta que é o título desse artigo, "qual a melhor arma e calibre para defesa pessoal", podemos fazer as seguintes colocações:
- Escolha uma arma de boa qualidade.
- Use munições sempre novas
- Treine bastante afinal de contas é ela que poderá salvar a sua vida e/ou de sua família.
Aprenda a atirar bem. Independente do calibre que escolheu, o importante é que acerte o alvo. De nada adianta ter um calibre poderoso ou uma arma com muita capacidade de munições se você não acertar nenhum tiro. Um oponente habilidoso com um calibre 22 LR ou uma 6,35 mm poderá fazer você cessar seus tiros rapidamente e dependendo da situação, somente com um único disparo.
Lembre-se sempre, o posicionamento de onde você coloca seus tiros, sempre será mais importante do que o calibre ou a arma quando se trata de autodefesa. Nada supera um tiro certeiro.