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Os mergulhadores de combate da Marinha Alemã

Os mergulhadores de combate (Kampfschwimmer) são o núcleo do Comando das Forças Especiais da Marinha Alemã.

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Os mergulhadores de combate da Marinha Alemã

 

 
Os mergulhadores de combate (Kampfschwimmer) são o núcleo do Comando das Forças Especiais da Marinha Alemã. Embora o KSM (Kommando Spezialkräfte der Marine, algo como “comando de forças especiais da marinha”) tenha sido criado em 2014, os primeiros mergulhadores militares da Alemanha Ocidental foram treinados em 1959 na França, sendo esta a mais antiga unidade de forças especiais das forças armadas alemãs pós-Segunda Guerra Mundial; portanto o KSM é, na verdade, uma organização recente, porém com raízes mais antigas.
Visão geral

As forças armadas alemãs (Bundeswehr) foram reorganizadas entre 2011 e 2015. Até então, o KSM fazia parte das Forças Operacionais Especializadas da Marinha Alemã (Spezialisierten Einsatzkräften der Marine, SEKM ou SEK-M) juntamente com mergulhadores de minagem e desminagem e tropas embarcadas. Com a reorganização foram criadas novas unidades independentes, entre elas o KSM que, com a reestruturação, passou a ser também responsável pelo seu próprio treinamento, logística e operações.

O papel do KSM é prover forças prontas e relevantes para a condução de operações especiais em ambiente conjunto, combinado ou interagências, atuando em operações na água, em terra e no ar. O KSM implementa sua função por meio da realização de diversas tarefas com variados graus de interação e interoperabilidade conforme o caso:
  • Atividades de reconhecimento de portos ou infraestruturas e aquisição de informações e reconhecimento remoto;
  • Ações de sabotagem na água, sob a água ou em zonas costeiras;
  • Resgate de cidadãos alemães e libertação de reféns;
  • Evacuação armada;
  • Apreensão de material ou equipamento;
  • Determinação de pessoas-alvo e combate contra alvos individuais;
  • Proteção de embarcações e equipamentos navais alemães em território alemão e no exterior;
  • Treinamento e consultoria para unidades militares e policiais alemãs e estrangeiras; e
  • Atividades de contraterrorismo.
O trabalho da unidade é frequentemente conduzido sob a égide de organizações tais como a OTAN ou a ONU. Apesar disso, informações sobre sua atuação é restrita e o governo e o Bundeswehr não abrem publicamente onde foram destacados nos últimos anos. O Bundestag (parlamento alemão) é informado das missões apenas em sessões confidenciais.
 
 
 
Lanchas rápidas são uma das ferramentas dos mergulhadores de combate
 

O efetivo total do KSM também não é divulgado; especula-se que seja por volta de 130 homens. As forças armadas alemãs permitam o acesso à mulheres a todas as unidades desde 2001, e o KSM procura por candidatas. No entanto, apenas uma se candidatou e começou o curso há alguns anos atrás, mas depois de uma semana decidiu não continuar.

Os membros podem ser oriundos de qualquer ramo do serviço militar alemão (de acordo com o Hannoverische Allgemeine, também é aberto a civis sem treinamento militar, caso consigam as qualificações mínimas). Os candidatos passam por um curso excepcionalmente intenso com duração de três anos, durante o qual recebem o conhecimento e as habilidades necessárias aos comandos navais: mergulho, paraquedismo, escalada, treinamento contra terrorismo, navegação marítima, combate individual, treinamento em explosivos e armas, treinamento médico, telecomunicações, combate de montanha e no inverno, entre outros.

O treinamento inclui um curso de sobrevivência com duração de três semanas no qual os candidatos tem que lutar por um longo caminho com equipamentos construídos por si próprios e sob pressão de perseguidores; a conclusão é um interrogatório de 36 horas. Em média apenas 30% dos candidatos chegam às fileiras do KSM, sendo considerado como uma das unidades mais duras e bem treinadas das forças armadas alemãs.
 
 
 
Kampfschwimmers em seu elemento principal (Foto: Bundeswehr/Andrea Bienert).


As missões do KSM geralmente envolvem de quatro a cinco mergulhadores (comandante, franco-atirador, 
médico, operador de rádio e observador). Seu equipamento inclui o rebreather* Dräger LAR-V, roupas “secas” 
e “molhadas”, equipamento de navegação, facas e a pistola subaquática Heckler & Koch P11 (arma de cinco 
canos que dispara eletricamente dardos de aço de 7,62 x 36 mm).

"Equipamento de mergulho em circuito fechado para operações especiais de mergulho; um equipamento de circuito fechado é mais silencioso e discreto devido à sua reduzida emissão de bolhas de ar".

O KSM é subordinado à Flotilha 1 (Einsatzflottille 1) e tem sede na base naval (Marinestutzpunkt) de Eckernförd, próximo à Kiel. O KSM é normalmente comandado por um Fregattenkapitän (capitão-de-fragata); desde 26 de setembro de 2019, o comandante é o capitão-de-fragata Sven Rump (44). Eckernförd é tradicionalmente a “casa” da frota da Marinha Alemã no Báltico. A organização do KSM é composta por um elemento HQ, unidades operacionais e de suporte, conforme abaixo:

  • HQ: responsável pelas seguintes áreas: administração geral, gestão de pessoas, segurança, planejamento, tecnologia da informação e logística;
  • Companhia de Mergulhadores de Combate: fornece os recursos ação direta, e de acordo com algumas fontes, provavelmente está dividida em uma equipe de operações (Einsatzteam I), duas equipes de intervenção (Einsatzteam II e III); e equipes de apoio (Einsatzgruppe);
  • Grupo de Treinamento: é responsável pelo treinamento inicial dos mergulhadores (Kampfschwimmer Ausbildung) e pelo treinamento contínuo da unidade, incluindo o pessoal de apoio;
 
 
Capitão-de-fragata Sven Rump, comandante da unidade (Foto: Carsten Rehder/dpa).
 
  • Equipe de Embarcações de Operações Especiais: fornece suporte para os Kampfschwimmers através do uso de embarcações especializadas, nas quais podem se deslocar rapidamente e penetrar de forma discreta em território controlado pelo inimigo;
  • Equipe de Suporte Médico de Operações Especiais: suporte para os Kampfschwimmers através de atendimento especializado de emergência. Trata-se de uma equipe médica exclusiva da marinha alemã, composta por profissionais médicos especialmente selecionados com treinamento em atendimento de emergência;
  • Grupo de Aviação: unidade que cuida da “movimentação vertical” dos Kampfschwimmers e das unidades de apoio. Responsável pelo material técnico e equipamentos de aviação; e
  • Grupo de Reparo: segmentado entre veículos motorizados e equipamentos especiais, tem capacidade para manter todos os veículos aquáticos e terrestres, de caiaques e quadriciclos a motos de neve, de infláveis ​​a veículos blindados.

O KSM mantém laços estreitos com algumas contrapartes ocidentais, como os SEAL da Marinha dos EUA e o Comando Hubert da Marinha Francesa. É comum, por exemplo, que um Navy SEAL dos EUA passe períodos no KSM e vice-versa.

Histórico

As origens dos mergulhadores de combate da marinha alemã remontam a seus antepassados ​​da antiga Alemanha Ocidental que treinaram pela primeira vez no sul da França em 1959. A seguir um breve resumo dos principais eventos históricos:

1956: a RFA (República Federal da Alemanha) estabelece a Marinha da Alemanha Ocidental (Bundesmarine) em 2 de janeiro de 1956;
1959: dois integrantes da nova unidade de Kampfschwimmer participam de um programa de treinamento de seis meses na escola de comando naval francesa em Saint Mandrier, no sul da França, de janeiro a julho de 1959;
 
 
 
Operadores do KSM em helicóptero (Foto: Bundeswehr/Björn Wilke).
  • 1959: início do primeiro curso de treinamento de Kampfschwimmer no pós-guerra, em 1 de julho de 1959, com treze participantes;
  • 1959: é ativado o primeiro pelotão Kampfschwimmer, designado para o Seebattaillon em Sengwarden, com destacamentos em Eckernförd e Borkum;
  • 1964: o pelotão Kampfschwimmer é elevado ao status de companhia em 1º de abril;
  • 1964: é implementada uma divisão em um elemento de comando e três pelotões Kampfschwimmer (um pelotão pesado, um pelotão leve e um especializado em reconhecimento de praias);
  • 1973: Os primeiros SEAL da Marinha dos EUA visitam Eckernförd;
  • 1974: a companhia Kampfschwimmer muda para um novo prédio e acrescenta um pelotão de treinamento; a seção de comando incorpora um médico e um montador de paraquedas;
  • 1975: inicia-se um programa de intercâmbio de pessoal com o SEAL Team 2, atualmente ainda em vigor;
 
 
Kampfschwimmers praticam atendimento de emergência  (Foto: Bundeswehr/SEK M).
 
  • 1988: o Batalhão Marítimo (Seebataillon) é estabelecido em 16 de dezembro (o original havia sido dissolvido na década de 1960);
  • 1991: a companhia Kampfschwimmer perde sua independência quando o Seebattaillon é dissolvido em 2 de outubro. A companhia Kampfschwimmer torna-se uma unidade subordinada do Grupo de Mergulhadores Armados (Waffentauchergruppe), que incluía um pelotão HQ, companhias de minagem e desminagem, tropas embarcadas e uma companhia de treinamento recém-formada (composta pelo pelotão de treinamento Kampfschwimmer, pelotão de treinamento de desminagem subaquática e um pelotão de descarte de materiais explosivos/descarte de dispositivos explosivos improvisados ​​(EOD/IEDD);
  • 1994: o Kampfschwimmer conduz sua primeira operação de embarque;
  • 2003: o Waffentauchergruppe foi dissolvido em 3 de julho e substituído pelas Forças Operacionais Especializadas da Marinha (Spezialisierte Einsatzkräfte der Marine, SEK-M). A SEK-M é composta por equipe de HQ, elementos logísticos, a companhia Kampfschwimmer, companhias de minagem e desminagem, companhia de tropas embarcadas e elemento de treinamento para comandos navais;
  • 2014: a SEK-M é reorganizada e criam-se duas novas unidades, o Batalhão Marítimo (Seebataillon) e o Kommando Spezialkräfte der Marine (KSM).
 
 
Referências


Assista ao vídeo 957 do CANAL ATE DA GUERRA: OS MERGULHADORES DE COMBATE DA MARINHA DA ALEMANHA.
 

 




Fonte: Velho General

Por Albert Caballé Marimón
Com formação superior em marketing, depois de atuar trinta e sete anos em empresas nacionais e multinacionais, dedica-se à atividade de pesquisador nas áreas de História Militar, Defesa e Geopolítica. É fotógrafo e editor do site Velho General. Já atuou na cobertura de eventos como a Feira LAAD, o Exercício CRUZEX, a Operação Acolhida, o Exercício Treme Cerrado e proferiu palestras na Academia da Força Aérea (AFA). É colaborador do US Naval Institute (USNI) e do Canal Arte da Guerra.

Fonte/Créditos:  Velho General

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