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FN Browning Mod. 1922

À medida que os exércitos alemães varriam a Europa durante a Blitzkrieg de 1940, uma vasta quantidade de material bélico caiu em suas mãos...

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FN Browning Mod. 1922
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FN Browning Mod. 1922

À medida que os exércitos alemães varriam a Europa durante a Blitzkrieg de 1940, uma vasta quantidade de material bélico caiu em suas mãos, além de inúmeras fábricas que foram capturadas intactas devido ao rápido avanço da Wehrmacht.
 
Dentre esses países estava a Bélgica, um tradicional produtor de armas de alta qualidade, produzidas principalmente pela conhecida “Fabrique Nationale D´Armes de Guerre” (ou, simples-mente, FN), localizada em Herstal (região de Liége), então um das maiores empresas de armas do mundo.
 
Durante a primeira metade do século XX, a FN pôde usufruir do talento daquele que é considerado por muitos co-mo o maior projetista de armas da História, o norte-americano John Moses Browning (1855-1926). Browning havia iniciado sua cooperação com os belgas no fim da década de 1890, com o objetivo de colocar em produção seus projetos de pistolas semi-automáticas, que não encontravam espaço nos EUA, ainda muito apegados aos revólveres.
 
Essa ligação com a FN – que duraria até a morte de Browning – gerou projetos de extremo sucesso comercial. As armas de Browning, ao contrário da maioria de suas contemporâneas, eram fáceis de produzir, simples de se manusear e, principalmente, atraente a uma qualidade excepcional. Seu primeiro projeto foi o Modelo 1900, que tinha o hoje mundialmente aceito calibre 7,65mm Browning, seguido do Modelo 1903, destinado ao uso militar e calçando o 9mm Browning Long, do pequenino Modelo 1906 (que lançou o calibre 6,35mm – ou .25 ACP) e, por fim, o Modelo 1910, que sucedeu ao M1900, e se tornou o seu maior sucesso comercial e mais plagiado design, sendo fabricado nos calibres 7,65mm e .380 ACP.
 
Seria essa última arma a responsável pelo primeiro tiro da I Guerra Mundial, pois foi a escolhida pelo terrorista sérvio Gravilo Princip para assassinar o Arquiduque Francisco Ferdinando e sua esposa em Sarajevo em 28.06.1914, provocando a deflagração do conflito.
Tal foi o sucesso de suas armas – o 500.000º exemplar foi construído em 1909 e o milionésimo em janeiro de 1914 – que Browning finalmente conseguiu lançar seus produtos nos EUA, através de uma parceria com a Colt Firearms, e que levaria ao desenvolvimento de outra lenda: a Colt M1911, em calibre .45 ACP, e que seria a arma regulamentar do exército americano até 1985!
 
Projeto Encomendado
 
A Browning Modelo 1922 (ou FN 1922) carrega a distinção de ter sido desenvolvida estritamente para atender à requisição de um cliente da empresa, no caso o “Reino de Sérvios, Croatas e Eslovenos” – mais tarde conhecido como Iugoslávia – e que havia surgido com os Tratados de Versalhes e de Saint-German a partir das cinzas do Império Austro-Húngaro.
 
No início dos anos 1920, o exército iugoslavo estava em estado de penúria. Os antigos povos que a formavam, haviam lutado nas guerras balcânicas de 1912 e 1913 e, em seguida, na I Guerra Mundial. Os arsenais estavam vazios e o exército precisava desesperadamente de material. Os sérvios, que formavam a maioria dentro no novo país, eram importantes clientes da FN desde os idos de 1880 e resolveram recorrer à empresa para suprir suas necessidades.
 
Inicialmente os iugoslavos concentraram sua atenção sobre os modelos FN M1903 e M1910. O primeiro foi rejeitado pelo fato de ser muito caro mas o M1910 chamou a a-tenção pelo preço relativamente econômico e pelo cartucho 380 ACP.
 
Embora esse modelo tivesse um bom desempenho nos testes que se seguiram, ele possuía algumas limitações para o uso militar, já que havia sido desenvolvido para uso civil. Desse modo, os iugoslavos requisitaram uma arma com cano mais longo, para melhorar a precisão, e um carregador de maior capacidade.
 
Como os seus clientes não poderiam jamais custear o desenvolvimento de uma nova arma, o FN Bureau d’Estudes (Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da FN), decidiu utilizar a M1910 como base de um projeto que utilizasse o ferramental já existente, reduzindo os custos ao máximo possível. O primeiro passo foi a adição de uma extensão feita de aço forjado removível ao ferrolho a fim de acomodar o cano maior (113 mm ao contrário dos 88 mm do M1910). A segunda modificação foi o aumento do tamanho da empunhadura, para permitir o uso de um carregador de maior capacidade. Por fim, um passador de fiel foi adicionado na extremidade inferior do chassis.
A
s modificações estavam concluídas em 1922 e a arma foi batizada de 1910/22, embora o nome FN Modelo 1922 seja mais utilizado. Os iugoslavos não se decepcionaram e fizeram um encomenda de 60.000 pistolas em 28.02.1923.
 
Características técnicas.
 
Em razão de utilizar munições de potência intermediária (7,65mm ou .380 ACP), a FN 1922 opera pelo recuo por ação direta dos gases (blowback), sem qualquer sistema de aferrolhamento, necessário para calibres maiores, como o 9mm Luger (da Luger P-08 e Walther P-38) ou o .45 ACP, entre outros. Deste modo, a culatra é mantida fechada apenas pela ação da mola de recuperação e pelo peso do próprio ferrolho. Interessante notar que essa arma não possuí um “martelo” ou “cão” interno, mas na verdade trabalha com o sistema de percursor lançado, ou seja, a “agulha” fica presa em uma armadilha que é liberada pelo acionamento do gatilho, atingindo a espoleta do cartucho.
 
Outra característica de destaque na FN 1922 é seu sistema triplo de segurança. O primeiro é a tecla de segurança situada na porção posterior da empunhadura e que não permite o disparo da arma caso não esteja empunhada corretamente, impedindo que o gatilho libere a armadilha do percursor. A segunda trava, de acionamento manual através do polegar, situa-se no lado esquerdo da arma, logo acima das talas da empunhadura, que impede que a tecla de segurança seja acionada (mesmo a arma estando devidamente empunhada). Por fim, há uma terceiro mecanismo interno que o percursor seja disparado se a arma não estiver com o ferrolho completamente fechado.
 
Os cartuchos eram armazenados em um carregador destacável situa do na empunhadura da arma, e que era liberado através de um retém situado embaixo da empunhadura. Sua capacidade variava de acordo com o calibre utilizado dez cartuchos para o calibre 7,65mm ou nove para o .380 ACP, sendo que externamente as armas são idênticas. A pistola permanecia com o ferrolho aberto após o último disparo, como aviso ao atirador.
 
O ferrolho trazia a inscrição “Fabrique Nationale D´Armes de Guerre Herstal Belgique / Browning´s Patent De-pose” no lado esquerdo. O número de série era estampado no lado direito, no chassis e na extensão do ferro lho, começando no numeral 200.000 – todas os modelos pré-guerra com números abaixo desse tratam-se de contratos específicos. A numeração de série foi reiniciada, em três momentos: com a invasão alemã em maio de 1940, no final de 1943 e após a libertação da fábrica do jugo nazista em setembro de 1944. O acabamento no pré-guerra era muito bem feito, empregando materiais de ótima qualidade e com alto grau de polimento e oxidação negra-azulada. Contudo, após a ocupação alemã – e a conseqüente demanda por uma maior produção levou ao rápido declínio do controle de qualidade.
 
Para a felicidade da FN, o Modelo 1922 tornou-se um su-cesso entre as forças armadas e polícias na Europa no período entre guerras. Seu preço relativamente baixo (quando comparado à outras armas do período, como a Luger P-08, a FN 1903, a Mauser C-96 e a Colt M1911), ótima qualidade e confiabilidade, fizeram com que fosse adotada como arma padrão em várias localidades:
 
Iugoslávia
 
foi o primeiro país a adotar a M1922, aliás, criada justamente para atender ao seu pedido. A enco-menda inicial de 60 mil armas, foi sucedida por outras partidas de armas que continuaram até meados dos anos 1930, sendo identificáveis pelas inscrições em letras cilíricas. Muitas das armas iugoslavas foram capturadas pe-la Wehrmacht, quando da invasão do país em abril de1941 e foram distribuídas às forças alemãs e de países aliados, sendo chamada de Pistole 641(j) – de “jugos- lawich”. Grandes quantidades também caíram nas mãos dos Partisans do Marechal Tito.
 
Holanda
 
O governo holandês adquiriu cerca de 4.500 armas entre os anos 20 e 30 para distribuição à forças policiais e certas unidades do Exército. Possuem sobre o ferrolho uma letra W coroada (referência à Rainha Wilhelmina). Várias dessas armas ainda estavam em uso no início dos anos 80, na polícia holandesa.
 
Grécia
 
Os gregos adquiriram, entre 1926 e 1929, 9.980 pistolas Modelo 1922, em calibre .380 ACP, sendo u-sadas como armas regulamentares de sua Força Aérea até 1941.
 
Turquia
 
Três contratos distintos para as forças armadas de seu país foram efetuados entre as décadas de 1920 e 1930, em um número incerto.
Outros países quê compraram a FN 1922 foram ainda a Romênia (em 1935, para uma agência de segurança inter-na) e Dinamarca (3.000 armas adquiridas para a polícia federal daquele país nos anos 30).
 
Adoção pela Wehrmacht
 
 
 
Como já foi dito, quando as forças alemãs invadiram a Bélgica, em maio de 1940, eles acabaram por capturar as instalações fabris da FN intactas, graças à rapidez de seu avanço. Cientes de sua capacidade e da qualidade das armas ali fabricadas, eles voltaram toda a produção para o esforço de guerra alemão. O resultado foi que o Modelo 1922 acabou tendo a dúbia distinção de ter sido a arma mais produzida pela FN sob domínio nazista.
 
Designada oficialmente na Wehrmacht como Pistole 626(b) – de “belgisch” -, para o calibre 7.65mm, e Pistole 641(b) para o calibre .380 ACP, o Modelo 1922 acabou sendo distribuído para quase todas as forças militares e para-militares do III Reich.
 
As pistolas Modelo 1922 que foram usadas pela Wehr-macht ostentam um dos três ti-pos de marcas de aceita ção do escritório central de ar-mas (Waffenamt):
 
  • WaA 613 – usado de maio de 1940 até o início de 1941, foi timbrado em cerca de 6.300 armas, muitas montadas com peças já existentes em estoque.
  • WaA 103 – essa marca foi usada apenas entre o início e o fim de 1941, sendo encontrado em cerca de 36.000 armas em calibre 7,65mm (números de série 24.000 a 60.000).
  • WaA 140 – esse Waffenamt foi usado do fim de 1941 até a libertação da Bélgica em setembro de 1944. Nesse período, a produção total foi de 325.000 pistolas em calibre 7,65mm. A numera- ção desse lote iniciou-se aproximadamente na casa de 67.000-68.000 e prosseguiu até 155.000.
 
No final de 1943 a numeração foi reiniciada, adotando-se o sistema alemão: lotes de 100.000 armas, acrescentando-se uma letra para cada bloco.
Como já foi dito, a qualidade de acabamento – mas não mecâni-ca – dessas armas foi deteriorando-se ao longo da guerra. Um das primeiras modificações implementadas foi a substituição das talas da empunhadura, originalmente feitas de ebonite (uma liga plástica quebradiça), por outras de madeira.
 
Dentro da Wehrmacht, foi a Luftwaffe seu usuário principal, pois, além de ser muito confiável, a arma utilizava as mesmas munições de outras pistolas em uso pelas tripulações de aviões, como as Walthers PP e PPK, as Mausers 1914/34 e HSc e a Sauer 38H. Foi muito popular entre navegadores, pilotos e artilheiros de bordo, quando eram usadas num coldre de saque rápido, chamados pelos colecionadores de “drop holsters”.
 
Pós-guerra
 
Com a libertação de Liége – região onde ficava a fábrica da FN -, a produção do Modelo 1922 foi retomado qua se de imediato. A arma continuaria popular nos anos seguintes, novamente atraindo contratos de forças estrangeiras, entre eles da Finlândia, da polícia francesa e das forças armadas belgas e holandesas. Na Alemanha Ocidental foi também usada por certas forças policiais e na França ficou em uso até os anos 80.
 
Tendo saído de produção nos anos 70 – totalizando mais de 800.000 armas produzidas, a FN Modelo 1922, é qua se sempre desprezada pelos colecionadores, principal-mente nos EUA, por várias (infundadas) razões: não era oferecida em um calibre potente e não era a arma oficial de qualquer das “grandes” potências da II Guerra Mundial, além de ser pouco mais que uma arma de bolso “vitaminada”.
 
Contudo, essa falta de interesse não se justifica quando lembramos que o Modelo 1922 (ao lado do Modelo 1910), com seu desenho elegantemente simples e confiável, foi a principal arma regulamentar em vários países da Europa no período entreguerras, sendo a responsável pela palavra “Browning” continuar a ser o sinônimo de pistola semi-automática. Por essas razões a FN Modelo 1910/22 deve ser olhada com respeito dentro de qualquer coleção.
 
Dados técnicos
  • Fabricantes: Fabrique Nationale d´Armes de Guerre (FN)
  • Comprimento total: 174 mm
  • Comprimento do cano: 114 mm
  • Calibre: 7,65mm Browning / .380 ACP
  • Peso (descarregada): 710 gramas
  • Capacidade: 9 cartuchos .380 ACP ou 10 cartuchos 7,65mm Browning
  • Cabos: Ebonite ou madeira
  • Miras: fixas
 
 

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