Esta é a arma caseira desajeitada usada para assassinar o ex-líder japonês Shinzo Abe Friday em um país que tem algumas das leis de armas mais rígidas do mundo.

Imagens do ataque chocante parecem mostrar o assassino – identificado como o veterano militar de 41 anos Tetsuya Yamagami – jogando a arma de fogo grosseira e coberta de fita preta momentos depois de matar o ex-primeiro-ministro.

Permaneceu perto dos pés do assassino enquanto a segurança o jogava no chão – enquanto outros começaram tentativas condenadas de salvar Abe, 67, que sangrou até a morte por dois ferimentos profundos de bala, incluindo um no pescoço.

As imagens mostram o que parece ser uma arma rudimentar de cano duplo, com dois tubos presos em cima de um corpo de madeira e um cabo preto.

Oficiais militares disseram à emissora pública NHK que Yamagami estava na Força Marítima de Autodefesa por três anos – de 2002 a 2005 – e estava “frustrado” com Abe.

A polícia encontrou vários possíveis explosivos durante uma batida na casa de Yamagami e o suspeito confessou que ele havia “fabricado várias pistolas e explosivos até agora”, disse a NHK.

O tiroteio foi particularmente chocante em um país que se orgulha de ter algumas das leis de armas mais rígidas do mundo.

Cidadãos particulares são proibidos de possuir revólveres, e caçadores licenciados podem possuir apenas rifles – e mesmo assim apenas depois de assistir às aulas, passar por um teste escrito e passar por uma avaliação de saúde mental e verificação de antecedentes.

Os tiroteios, quando ocorrem, geralmente envolvem gângsteres da “yakuza” usando armas ilegais. Quando os assassinatos em massa ocorrem no Japão, como quando 19 pessoas foram assassinadas em uma instalação para deficientes mentais em 2016, eles tendem a ser realizados com facas.

O assassino ainda segura a arma artesanal enquanto o segurança corre para o deter.

Shinzo Abe, primeiro-ministro japonês mais longevo

O ex-primeiro-ministro do Japão Shinzo Abe, assassinato nesta sexta-feira (8) aos 67 anos, foi a pessoa que ocupou o cargo por mais tempo. Ele resistiu a escândalos e crises, totalizando nove anos de poder, somando os dois mandatos.

A primeira vez em que assumiu o cargo, em 2006, o político tinha 52 anos e foi o mais jovem a ocupar o posto de primeiro-ministro japonês. Shinzo Abe era considerado como uma esperança de renovação e juventude para a política local, mas, ao mesmo tempo, também era um representante da aristocracia japonesa: ele era um político de terceira geração, preparado pela família, parte da elite conservadora, para chegar ao cargo.

No primeiro mandato, Abe ficou um ano no poder até renunciar. Ele afirmou que deixaria o posto por motivos políticos, mas depois assumiu que se tratava de um problema de saúde: tinha uma colite ulcerativa. Foram meses de tratamento até que se recuperasse.

Em dezembro 2012, Shinzo Abe voltou a ser primeiro-ministro do país e ficou no cargo até setembro de 2020. Quando assumiu, o Japão passava por diversas crises, afetado pelo tsunami de 2011 e pelo desastre nuclear de Fukushima. De forma parcial, Abe conseguiu ajudar o país a alcançar estabilidade, a partir da política econômica conhecida como “abenomics”.

Shinzo Abe adotou uma política internacional de proximidade com os Estados Unidos, em especial com o ex-presidente Donald Trump, mas se distanciou ainda mais da Coreia do Norte. Em 2020, ganhou destaque pela decisão de adiar os Jogos Olímpicos de Tóquio, que aconteceram apenas em 2021.

Ao longo de 2020, o então primeiro-ministro perdeu popularidade em função da pandemia da covid-19. As medidas tomadas por ele foram entendidas pela população como tentar e confusas.

Shinzo Abe morreu em ato de campanha.